segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ainda sobre fotografia e memória

Recentemente comecei um projeto chamado Má Fotografia. Fruto de certas considerações da fotografia como uma ponte para a memória de um fato ou situação - como o elemento que provoca este retorno - fazendo com que você interprete este pedaço de memória congelada impresso em papel. De preferência coated.
A partir daí resolvi buscar estudar ruídos, cores e o tempo na relação da fotografia com a memória.
Selecionei as piores imagens de alguns filmes que tirei com uma Olympus Pen, uma máquina popular da década de 70. Tirei algumas fotos em Guaraqueçaba (cidade que havia ido há uns 15 anos atrás com minha família e fui agora novamente no final de 2008) e mostrei uma das fotografias para minha mãe dizendo que havia achado uma foto da época em que fomos, em 1993, por aí.
Ela olhou e falou:
- Nossa, como era tranquilo lá, que delícia.
E ainda fez algum comentário sobre a foto estar velha ou meio ruim.
Com minha irmã também fiz um teste. Tirei uma foto dela antes de viajar e mostrei esses dias falando que tinha digitalizado umas fotos antigas.
Ela olhou e disse:
- Nossa, olhe a minha cara, de quando é isso?!.
Aí respondi:
- É de Dezembro, antes de eu viajar.
E ela disse:
-Nossa, parece velha.
Concluí que, a partir de recursos pré ou pós-fotográficos, como a entrada de luz ou a própria digitalização, elitiza-se um contexto dentro de uma imagem qualquer e cria-se um padrão estético enganoso, provocando ruídos no leitor; forçando-o a interpretar algo que ainda está em sua memória recente como se estivesse em alguma zona desmilitarizada no cérebro.
Ou seja, você engana a memória.
Claro que este estudo não se aplica à fotografia de cunho estético ou artístico. É algo mais aplicado à fotografia documental. Apesar de todas terem cunho estético. Na verdade, é algo apenas relativo à fotografia e a memória.

Algumas das imagens que fazem parte do estudo:















Saiba mais sobre o autor que não se responsabiliza pelos textos aqui dispostos.