" - Colou dois mano um acenou pra mim, de jaco de cetim, de tênis calça jeans. - Ei Brown, sai fora, nem vai, nem cola, não vale a pena dá idéia pra esse tipo aí: ontem a noite eu ví na beira do asfalto, tragando a morte, soprando a vida pro alto. Ó os cara só o pó, pele e osso, no fundo do poço, mais flagrante no bolso.- Veja bem ninguém é mais que ninguém,veja bem, eles são nossos irmãos também."Racionais MC´s"O RAP, originário das ruas dos guetos jamaicanos, surgiu com a função de animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos ‘toasters’, autênticos mestres de cerimónia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais prosaicos, como sexo e drogas."Esta música foi lançada há 10 anos. Porém, seu contexto encaixa-se perfeitamente nos dias atuais, e provavelmente, encaixar-se-á a dias que hão-de vir.
Creio que o
RAP (assim como o
Funk carioca), por sua prosa popular, seja o ritmo musical mais sincero e rico à tona no Brasil. Talvez seja ele o meio em que nós, burgueses por opção, mantemo-nos mais perto da realidade das perifeiras. Onde as aliterações já perderam a graça e as poesias já não florescem há tempo, uma prosa vulgar sobre a realidade é o que resta para complementar a composição.