sexta-feira, 16 de maio de 2008

E por falar na prosa popular..



" - Colou dois mano um acenou pra mim,
de jaco de cetim, de tênis calça jeans.

- Ei Brown, sai fora, nem vai, nem cola,
não vale a pena dá idéia pra esse tipo aí:
ontem a noite eu ví na beira do asfalto,
tragando a morte, soprando a vida pro alto.
Ó os cara só o pó, pele e osso,
no fundo do poço, mais flagrante no bolso.

- Veja bem
ninguém é mais que ninguém,
veja bem,
eles são nossos irmãos também."
Racionais MC´s

"O RAP, originário das ruas dos guetos jamaicanos, surgiu com a função de animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos ‘toasters’, autênticos mestres de cerimónia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais prosaicos, como sexo e drogas."

Esta música foi lançada há 10 anos. Porém, seu contexto encaixa-se perfeitamente nos dias atuais, e provavelmente, encaixar-se-á a dias que hão-de vir.
Creio que o RAP (assim como o Funk carioca), por sua prosa popular, seja o ritmo musical mais sincero e rico à tona no Brasil. Talvez seja ele o meio em que nós, burgueses por opção, mantemo-nos mais perto da realidade das perifeiras. Onde as aliterações já perderam a graça e as poesias já não florescem há tempo, uma prosa vulgar sobre a realidade é o que resta para complementar a composição.

Saiba mais sobre o autor que não se responsabiliza pelos textos aqui dispostos.