Desembarquei em Belém como quem não quer nada. Ou melhor, como quem quer um hotel. Ainda no aeroporto, busquei um quiosque de informações turísticas, e, após muita conversa, descobri que realmente não haviam mais hotéis disponíveis devido ao Fórum Social Mundial. Me aconselharam a tomar um ônibus do aeroporto até a estacão central, onde eu pegaria outro ônibus até uma pequena cidade à uma hora dali. E, lá, eu pegaria um barco para a Ilha de Cotijuba pois lá sim haveriam vagas. Obviamente, não fui. Resolvi conversar com um taxista que me prometeu rodar a cidade até encontrar um hotel por vinte reais. Obviamente, não aceitei. Peguei um ônibus até o centro onde procurei qualquer lugar com uma cama e uma privada. Obviamente, não consegui. Até que, à noite, e por sorte, enquanto caminhava na estacão das docas, encontrei Junior, o rapaz da operadora de turismo. Um rapaz um tanto esquivo, mas bem educado e aparentando ser uma boa pessoa. Ele então me disse que estava hospedando turistas na casa de sua família e que eu poderia ficar por lá. Obviamente, aceitei.
Chegando lá me deparei com uma família muito interessante. Dona Aurora, a matriarca, e Seu Antônio, o pater-família, eram um casal sexagenário, que, assim como seus três filhos, me receberam muito bem. Eram pessoas simples mas de muito boa índole.
Após um café, sentei-me na sala para conversar e assistir televisão.
Aproveitei o intervalo comercial para puxar papo com Seu Antônio, e, ingenuamente, perguntei:
- Para quem o senhor torce, Seu Antônio?
Ele, genuinamente, respondeu:
- Para o Lula, e você?
Encabulado, resmunguei:
- Pelo Brasil..